Introdução

Diabetes Mellitus é uma doença metabólica que, embora tenha tratamento, não tem cura definitiva e sua principal característica é o aumento anormal da glicose no sangue. A glicose é a principal fonte de energia do organismo, no entanto, taxas elevadas deste açúcar no sangue podem causar diversos problemas de saúde. As principais implicações da diabetes não tratada de maneira adequada são das doenças graves que podem acometer seu portador. Alguns exemplos são o infarto do coração, derrame cerebral (AVC), insuficiência renal, problemas de cicatrização de lesões cutâneas, problemas de visão, entre outros.
Existem dois tipos de diabetes: 
  • Diabetes Mellitus Tipo 1: Geralmente aparece ainda na infância, e é também conhecida ou chamada de Diabetes insulino dependente, pois o corpo produz pouca ou nenhuma insulina. Pessoas com este tipo de diabetes precisam tomar doses de insulina diariamente para sobreviver.
  • Diabetes Mellitus Tipo 2: Conhecida como Diabetes não–insulinodependente, geralmente ocorre na idade adulta pelo excesso de peso e má alimentação. Ultimamente muitas crianças já apresentam quadros da doença, devido a obesidade infantil. A insulina é produzida em quantidade normal ou aumentada, porém não ajuda o corpo a usá-la de forma adequada. Com o tempo,uma alimentação com excessos de doces e carboidratos, prejudica a função do pâncreas (órgão responsável pela produção de insulina), podendo fazer com que a pessoa passe a necessitar de doses de insulina.
Tão importante quanto conhecer os tipos de diabetes é conhecer também os fatores de risco que podem desencadeá-la. São eles:
  • Idade maior ou igual a 45 anos;
  • Histórico familiar (pais, filhos e irmãos);
  • Sedentarismo;
  • HDL-c baixo ou triglicerídeos elevados;
  • Hipertensão arterial;
  • Doença coronariana;
  • Diabetes gestacional prévio;
  • Filhos com peso maior do que 4 kg, abortos de repetição ou morte de filhos nos primeiros dias de vida;
  • Uso de medicamentos que aumentam a glicose (cortisonas, diuréticos tiazídicos e beta-bloqueadores).
A diabetes é facilmente diagnosticada por exames laboratoriais através da medida da glicemia no soro ou plasma, após um jejum de 8 a 12 horas. Em decorrência do fato de que uma grande percentagem de pacientes com diabetes mellitus tipo 2 descobre sua doença muito tardiamente, já com graves complicações crônicas, tem se recomendado o diagnóstico precoce e o rastreamento da doença em várias situações. Para isso, é importante também conhecer os sintomas e procurar um médico tão logo eles ocorram:
  • Aumento do volume da urina;
  • Sede excessiva;
  • Aumento do número de micções;
  • Surgimento do hábito de urinar à noite;
  • Fadiga, fraqueza, tonturas;
  • Visão borrada;
  • Aumento de apetite;
  • Perda de peso.


É sabido que a diabetes não tem cura, entretanto, tem tratamento que inclui desde um plano alimentar de acordo com o que o paciente pode ou não ingerir, atividade física, medicamentos diversos, hipoglicemiantes orais e insulina.
Conhecer a incidência de casos na população, bem como a distribuição dos mesmos, é de suma importância para que o governo possa tomar providências necessárias para conscientizar a população para que se trate de maneira adequada, bem como faça exames periódicos de detecção da doença, trazendo qualidade de vida à população afetada pela diabetes.
Quando precisamos avaliar dados, independente da finalidade, é necessário coletá-los da maneira adequada, organizá-los de forma a torná-los compreensíveis e prontos para a utilização. A estatística nos fornece teorias e mecanismos que nos possibilitam entender melhor conjuntos de dados e, a partir deles, retirar as informações que desejamos.
O presente trabalho tem como objetivo fornecer um panorama sobre as características da diabetes e sua incidência nas capitais do Sudeste do Brasil, utilizando-se das ferramentas estatísticas para avaliar os dados utilizados.

Dados e Análise

Para qualquer estudo, a obtenção de dados é uma etapa fundamental. Sendo inviável a coleta de dados diretamente em hospitais da rede pública, optamos por utilizar dados oriundos do Datasus, que é o órgão responsável pela criação e administração do banco de dados que contém informações importantes acerca da saúde em nosso país. Consideramos esta a opção mais viável e confiável para nosso estudo.
Primeiro, vamos observar a taxa de prevalência de diabetes mellitus para as capitais da região Sudeste. Esta taxa é o percentual de adultos (35 anos ou mais) que referiram ter diabetes.


Aqui já temos um problema bem comum ao se coletar dados: estes são oriundos de pessoas que referiram ter diabetes. Temos que contar com a seriedade e sinceridade do indivíduo questionado e não temos acesso aos dados de centenas ou milhares de pessoas que podem ser diabéticas e sequer sabem disso.
Outro detalhe que podemos observar é a flutuação dos valores. Não é uma flutuação grande, mas ainda assim existe. Deve-se principalmente à variação no tamanho da população como um todo. O crescimento de uma população é algo que até podemos estimar estatisticamente, porém, não podemos controlar, tampouco o surgimento de novos casos de diabetes, sendo assim, embora sempre possamos utilizar a estatística para estimar acontecimentos futuros, não podemos esquecer de outros fatores alheios ao nosso estudo que podem alterar os dados.
Podemos nos questionar se o passar dos anos (de 2006 a 2008) tem algum tipo de relação com a incidência de diabetes nas capitais escolhidas para este estudo. Podemos verificar se estes dados estão, de alguma maneira, correlacionados. Uma ferramenta para esta finalidade é o teste do Qui-Quadrado no qual efetuamos cálculos para obter o parâmetro X² (qui-quadrado propriamente dito) e o parâmetro g.l. (graus de liberdade) que é dado por: g.l. = (linhas da tabela - 1) x (colunas da tabela - 1). De posse de X² e g.l. calculados, utilizamos uma tabela com valores de qui-quadrado separados pelo g.l. e também para diversas faixas de precisão. Em nosso estudo, utilizaremos 95% de precisão.
A tabela com valores de qui-quadrado pode ser encontrada em livros de estatística ou até mesmo online. Iremos utilizar a tabela disponível aqui.

Passo 1 - Estabelecer as hipóteses. H0: Há correlação entre as variáveis. H1: Não há correlação.
Passo 2 - Cálculo de número de graus de liberdade: g.l. = (3-1)x(4-1) = 6. 
Passo 3 - Obtenção das frequências observadas através da tabela propriamente dita. Cada célula da tabela é a frequência observada em questão, que chamaremos de Oij onde i é a linha e j é a coluna. 
Passo 4 - Obtenção das frequências esperadas também através da tabela, porém, utilizeramos a seguinte fórmula: Eij = (ni x nj) / n onde ni é o total da linha, nj é o total da coluna e n é o total geral. Para a execução deste passo, precisamos dos totais da tabela, já mostrados na figura abaixo.


Passo 5 - De posse dos totais da tabela, das frequências obtidas e esperadas, calculamos o X² que é o somatório de cada frequência obtida menos a esperada ao quadrado sobre a frequência esperada.  
Através de cálculos realizados utilizando o Excel, pudemos obter um valor de X² = 0,717. O X² tabelado é 11,07, ou seja, é maior que o obtido, então H0 é válida. Ou seja, existe uma correlação entre a prevalência de diabetes mellitus nas capitais avaliadas nos anos de 2006 a 2008.

Conclusão

Ao efetuarmos o teste do Qui-quadrado, encontramos uma correlação entre as variáveis estudadas. Em outras palavras, a prevalência de diabetes mellitus nas capitais do Sudeste brasileiro está correlacionada com o ano. Observando novamente a tabela, podemos perceber a pouca flutuação dos valores o que denota um comportamento possível de ser descrito. Com o passar do tempo, a população envelhece e entra na "zona de risco" do desenvolvimento da diabetes. 
Temos uma prevalência média girando em torno de 9% da população, o que é um número considerável em um país com quase 200 milhões de pessoas. Poderíamos expandir esta análise para o sexo e a faixa etária dos portadores de diabetes, mas os dados estão incompletos e isso geraria um resultado errôneo. Mesmo assim, é importante ressaltar que podemos e devemos observar qualquer possível correlação entre os dados apresentados. Pelo comportamento da tabela de 2006 a 2008, espera-se que em 2009 o número de diabéticos tenha permanecido aproximadamente o mesmo ou tenha crescido discretamente e continue crescendo ao longo de 2010. Temos que considerar também o envelhecimento da população, o que automaticamente aumenta o risco de se desenvolver diabetes.
Podemos concluir que a estatística é uma ferramenta útil para estudarmos e compreendermos conjuntos de dados sobre qualquer tipo de fenômenos e essas observações nos permitem fazer estimativas do comportamento destes fenômenos no futuro. Na prática, a estatística pode ser utilizada como uma ferramenta social, apontando possíveis surtos de doenças, alertando os devidos responsáveis para que tomem medidas de interesse da população como campanhas de prevenção e, principalmente, conscientização, pois trata-se de uma doença sem cura.

Referências Bibliográficas

[1] Sociedade Brasileira de Diabetes. Disponível em: <http://www.diabetes.org.br/>. Acesso em 10 dez 2010.


[2] Datasus. Disponível em: <http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php>. Acesso em 10 dez 2010.


[3] TRIOLA, Mário F. Introdução à Estatística. LTC. 10a edição 2008. 722p.